quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ideias que afiam o machado

O início das actividades é uma ocasião de extrema importância, principalmente por estar ligada a um momento fundamental, o da escolha. (…) Michael Jordan (…) Quando concluiu o segundo grau, ele pôde optar entre várias universidades (…) Escolheu a da Carolina do Norte, cuja equipe de basquete era treinada por Dean Smith. Amigos e parenteso criticaram. Smith tinha fama de treinador muito ortodoxo, minucioso em demasia e pouco ousado. Ele não vai apreciar – disseram a Jordan – que aflore todo o seu talento. Com ele, as suas chances de jogar na NBA (…) vão diminuir. Mas Jordan não se abalou: “Eu observava havia algum tempo o técnico Dean Smith. Ele fazia jogadores de grande eficiência, tinha a preocupação de desenvolver em todos, de forma equilibrada, a totalidade dos fundamentos. O ideal não era que eu fizesse 40 pontos por partida ou ganhasse igual número de rebotes, mas sim que me tornasse um jogador completo. Era a intenção dele em relação a todos e era o que eu queria para a minha carreira”

Muitas vezes, o jovem busca o caminho mais fácil. Eventualmente, é um treinador que exige um pouco menos ou uma estrutura que dê condições excepcionais e facilite demasiadamente a vida do atleta. É um caminho tentador, mas equivocado. O jovem há de passar pelas provações naturais que irão fortalecê-lo como atleta. Para que possa crescer, terá de buscar um ambiente onde se sinta motivado, mas também desafiado. Nunca procurar o mais cômodo, mas o mais conveniente do ponto de vista do crescimento.


É muito comum que um atleta promissor, principalmente quando muito jovem, deixe tudo de lado para tentar materilaizar o sonho de se tornar profissional. (…) Mas é fundamental que o jovem atleta não se desvincule do ensino, no sentido amplo. (…) A educação, para o esporte, tem até inegável importância técnica. Na escola, o jovem desenvolve capacidade de concentração e de compreensão. Privado da experiência escolar, muitas vezes um jovem atleta tem essas capacidades tolhidas ou não desenvolvidas satisfatóriamente.


Covey, (…) autor do best seller Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes, conta a este respeito historinha ilustrativa. Jovem lenhador canadense procura o mestre da profissão, o maior lenhador do Canadá, uma lenda entre os lenhadores. (…) Treina durante meses com o professor e um dia resolve desafiá-lo: quem corta mais árvores? Duelaram por horas e horas e o lenhador experiente derrota o aluno. Perplexo, este pergunta ao treinador: “Como o senhor me venceu, se eu não parei de usar o machado um só momento e o senhor muitas vezes descansou, enquanto eu seguia em frente?” E o catedrático: “Quando eu parava para descansar e realinhar as minhas idéias, estava afiando o meu machado, tornando-o mais eficiente” (…) Não podemos dispensar a educação, as idéias que afiam o machado para sermos mais eficientes e corresponder com mais rendimento aos estímulos que nos são dados durante a carreira.


Bernardinho, Cartas a um jovem atleta. Rio de Janeiro, ed. Campus/Elsevier, 2007

ISBN – 978-85-352-2071-1


2 comentários:

Isa Ribeiro disse...

Sempre em altas Miguel :) Beijo

M Carmo disse...

Olá Isa,

Obrigado. Porta-te bem.


MC