sábado, 6 de março de 2010

As Mabecas no Diário de Notícias

'Invictas' das Olaias sem unhas de gel

Técnico foi pela primeira vez campeão nacional feminino, sem perder qualquer jogo, sucedendo ao Benfica

A imagem do râguebi está geralmente associada a um conjunto de brutamontes com braços como troncos de embondeiro e pescoços tão largos como pneus de autocarros, que praticam num jogo violento de forma mais ou menos cavalheiresca. E muitos até não saberão que a modalidade é igualmente praticada no feminino, disputando-se Mundiais e o Torneio das Seis Nações, por exemplo. Por cá, o campeonato nacional realiza-se desde 2000/01, e foi ganho esta época, sem derrotas, pelo CR Técnico, que sucede assim na lista de vencedoras aos Pescadores da Costa de Caparica (dois títulos), Escola Superior Agrária de Coimbra (4) e Benfica (3). Já a nível internacional, a única selecção nacional constituída, a de sevens, irá a Moscovo disputar, em Julho, o Europeu (no qual foi 6.ª em 2009).

O DN assistiu esta semana a um treino das "invictas" campeãs nacionais, no seu relvado das Olaias, onde apesar da proibição de usarem em jogo, brincos, colares, ganchos ou medalhas - e claro que "unhas de gel estão fora de questão", como revela a capitã Marta Ferreira -, um dos elementos da equipa técnica traz sempre consigo um saco que se vai enchendo com diversa bijutaria com o decorrer do treino.

Nada preocupada com a imagem violenta da modalidade - no râguebi feminino a única alteração nas leis do jogo é ser considerada perigosa, e penalizada, a placagem à altura do peito (nos homens é a partir dos ombros) -, Marta afiança que as suas companheiras adoram placar e não temem o contacto físico. "Só temos duas ou três que são um pouco mais 'meninas'", confessa. Adianta que quase todas entraram no râguebi por intermédio de familiares ou namorados e as dificuldades que sente em dirigir as companheiras são " inerentes a um grupo de mulheres, que necessitam trabalho individual mais profundo e conversas direccionadas pessoa a pessoa. Não é como nos homens, em que o treinador fala para o colectivo ou determinado sector."

Também o treinador Carlos Polainas decifra as razões do sucesso da sua equipa: "São grandes placadoras, com muita raça e temos duas ou três jogadoras de grande qualidade. Isto aliado a um grande espírito de união e ao facto de estarem motivadas e terem acreditado mesmo no título, após o 3.º lugar da época passada." Também a assiduidade aumentou, ao passarem este ano de três para dois treinos semanais: "Agora é mais fácil os pais deixarem-nas vir treinar e chegamos a ter cá 19 jogadoras, o que permite preparar a equipa de forma mais efectiva." Para si, a grande diferença de comandar uma equipa de raparigas é ter de haver "uma atenção especial para cada uma, tratá-las de maneira individualizada", revela o ex- jogador do Técnico, muitas vezes obrigado "a resolver as coisas com paninhos quentes, comportando-se como um paizinho". Muitas fazem ginásio várias vezes por semana,seguindo planos detalhados de musculação, mas "nenhuma quer perder as formas femininas." E para não ferir susceptibilidades, nenhuma tem o seu peso divulgado.

Fonte: http://dn.sapo.pt/desporto/outrasmodalidades/interior.aspx?content_id=1512358

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