Técnico foi pela primeira vez campeão nacional feminino, sem perder qualquer jogo, sucedendo ao Benfica
A imagem do râguebi está geralmente associada a um conjunto de brutamontes com braços como troncos de embondeiro e pescoços tão largos como pneus de autocarros, que praticam num jogo violento de forma mais ou menos cavalheiresca. E muitos até não saberão que a modalidade é igualmente praticada no feminino, disputando-se Mundiais e o Torneio das Seis Nações, por exemplo. Por cá, o campeonato nacional realiza-se desde 2000/01, e foi ganho esta época, sem derrotas, pelo CR Técnico, que sucede assim na lista de vencedoras aos Pescadores da Costa de Caparica (dois títulos), Escola Superior Agrária de Coimbra (4) e Benfica (3). Já a nível internacional, a única selecção nacional constituída, a de sevens, irá a Moscovo disputar, em Julho, o Europeu (no qual foi 6.ª em 2009).
O DN assistiu esta semana a um treino das "invictas" campeãs nacionais, no seu relvado das Olaias, onde apesar da proibição de usarem em jogo, brincos, colares, ganchos ou medalhas - e claro que "unhas de gel estão fora de questão", como revela a capitã Marta Ferreira -, um dos elementos da equipa técnica traz sempre consigo um saco que se vai enchendo com diversa bijutaria com o decorrer do treino.
Nada preocupada com a imagem violenta da modalidade - no râguebi feminino a única alteração nas leis do jogo é ser considerada perigosa, e penalizada, a placagem à altura do peito (nos homens é a partir dos ombros) -, Marta afiança que as suas companheiras adoram placar e não temem o contacto físico. "Só temos duas ou três que são um pouco mais 'meninas'", confessa. Adianta que quase todas entraram no râguebi por intermédio de familiares ou namorados e as dificuldades que sente em dirigir as companheiras são " inerentes a um grupo de mulheres, que necessitam trabalho individual mais profundo e conversas direccionadas pessoa a pessoa. Não é como nos homens, em que o treinador fala para o colectivo ou determinado sector."
Também o treinador Carlos Polainas decifra as razões do sucesso da sua equipa: "São grandes placadoras, com muita raça e temos duas ou três jogadoras de grande qualidade. Isto aliado a um grande espírito de união e ao facto de estarem motivadas e terem acreditado mesmo no título, após o 3.º lugar da época passada." Também a assiduidade aumentou, ao passarem este ano de três para dois treinos semanais: "Agora é mais fácil os pais deixarem-nas vir treinar e chegamos a ter cá 19 jogadoras, o que permite preparar a equipa de forma mais efectiva." Para si, a grande diferença de comandar uma equipa de raparigas é ter de haver "uma atenção especial para cada uma, tratá-las de maneira individualizada", revela o ex- jogador do Técnico, muitas vezes obrigado "a resolver as coisas com paninhos quentes, comportando-se como um paizinho". Muitas fazem ginásio várias vezes por semana,seguindo planos detalhados de musculação, mas "nenhuma quer perder as formas femininas." E para não ferir susceptibilidades, nenhuma tem o seu peso divulgado.
Fonte: http://dn.sapo.pt/desporto/outrasmodalidades/interior.aspx?content_id=1512358
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